produção_musical

Vou começar esse blog abordando o tema de produção musical, focando em direcionamento. É muito difícil falar sobre produção musical, onde o processo criativo é muito singular e próprio de cada produtor. Mas vou tentar ser objetivo e manter o foco, mesmo sendo quase impossível, principalmente num assunto tão delicado. Nesta primeira parte vou começar pela base da música, literalmente pela estrutura e concepção do projeto e/ou música.

O princípio da produção musical.

A produção musical é o princípio fundamental do por que uma música soa como ela é. É o que determina a seleção de instrumentos, arranjos e estrutura da música, é uma combinação do processo todo, desde a pré-produção até a mixagem final. Decisões sobre quais microfones usar, quais instrumentos utilizar, como obter uma sonoridade singular e/ou específica, daí por diante.

Mas antes de tudo, não podemos deixar de lado o mais importante, a música. Precisamos ter em mente os dois caminhos desse processo: a produção musical e a produção sonora. Digamos que a produção sonora seria a parte técnica do trabalho, a engenharia, a manipulação do áudio, enquanto que a produção musical seria mais um aprofundamento e direcionamento musical do processo todo.

Tenha sempre em mente, que de nada adianta todas as técnicas e engenharia adquiridas no decorrer de todos esses anos sem uma música boa e sólida.

Análise.

Como pegar aquela ideia genial de uma música e gerar uma produção sólida e completa da mesma. Digo de uma harmonia simples, 3 a 4 acordes mesmo, para uma produção estonteante, difícil imaginar né? Vamos parar pra pensar em como grandes artistas e produtores pegam uma música simples, mas linda, e a transformam em uma megaprodução. Daria para perder algumas horas tentando imaginar os caminhos que foram tomados aí.

Então vamos começar o nosso trabalho analisando o que se destaca em cada parte da música, literalmente desmontando ela e analisando por seções, isso vai facilitar a visualização da sua estrutura e evitar uma dor de cabeça também.

 Estrutura.

Partimos do pressuposto que possuímos uma melodia forte e um refrão, então estaria na hora de começar a pensar na estrutura da música. Vamos tomar como base as letras do alfabeto AB e C (onde o A é o verso, o B é o refrão e o C o especial ou bridge). A estrutura mais básica de todas é o ABABB, onde o verso é separado por um refrão pegajoso e que é dobrado no final. É bem fácil e funciona muito bem se você tem uma boa letra e uma melodia forte. Outra estrutura clássica é o ABABCBB, onde você estica mais ainda o refrão no final da música, colocando uma parte especial entre eles. Esse truque de quebrar o refrão no final com o especial dá mais variedade e fluxo na música, possibilitando utilizar mais a sua melodia chave da música, o refrão. Lembre-se de que, se seu refrão é bom e gruda na rádio-cachola de todos, aí sim você vai querer repetir e repetir ele em sua música. Não existe nada de errado com isso. Além do mais, melodias boas nunca envelhecem. Salvo exceções onde essa música é executada incansavelmente nas rádios e em todos os lugares onde você for aí sim pode saturar. Mas até lá aproveite bem essa repercussão, não é todo dia que isso acontece.

Tome cuidado com sua estrutura, não importa como ela seja. Não entre em devaneios e vários trechos de passagem, a não ser que você seja uma banda de rock progressivo, aí fique a vontade pra fazer o que quiser, vale tudo nessa hora!

 Arranjos.

Os arranjos são um pouco diferente da estrutura, apesar de que algumas vezes ele é utilizado para dar o mesmo sentido. Vejo os arranjos como sendo os ingredientes da estrutura da música, definir o arranjo é basicamente decidir que tipo de sonoridade instrumental você quer para a música. A sonoridade instrumental pode transportar a música para vários gêneros: pop, rock ou samba reggae; basta mudar os instrumentos e arranjos da mesma música que teremos algumas versões singulares.

Exemplo 01: a música Esperando Na Janela da banda Cogumelo Plutão, onde originalmente é um pop rock e foi regravado por diversas bandas e grupos nos formatos sertanejo e pagode.

Exemplo 02: a música Beijar Na Boca, que também é uma música, originalmente, no estilo pop rock e foi regravado em axé e sertanejo.

Então, tenha muita atenção nesse tipo de direcionamento.

Iniciando a sessão.

Não existem regras na questão de ordem de fluxo dentro da produção musical, porém o caminho tomado geralmente é o seguinte.

Definida a estrutura, sonoridade e caminho a tomar na música, podemos começar a construir nossa sessão, dando corpo a harmonia pré-determinada na guia. Uma maneira legal e lógica seria iniciar pela bateria e/ou percussão, mas indiferente de como começar, tenha sempre em mente alguns itens:

Mantenha sua produção interessante com conversas entre os instrumentos, criando contrastes entre voz e instrumentos, texturas de voz entre o A e B e/ou C da música. E o mais importante de tudo, a fundação da música. Não adianta ter o melhor timbre de voz ou um super timbre de guitarra, se sua bateria e seu baixo não estiverem bem executados e timbrados.

Após a base e fundação serem bem captadas e timbradas, alguns riffs de guitarra, ou bases de violões, podem gerar uma boa base harmônica para a música. Independente se os arranjos forem pesados ou leves, quando aliados a um piano ou outro instrumento harmônico, sempre criam o ambiente necessário para o mais importante da música, a melodia.

Uma melodia forte é o segredo para toda música funcionar, se você falhar nela, de nada adianta a música, simples assim. Trabalhe nela, mude a harmonia dela, ouse, experimente, tome tempo, faça dela a melodia que mexe no mais intimo dos sentimentos. Pois uma melodia forte nunca morre, e pode viver na lembrança e na vida de muitos e por muitos anos, sendo o recall de sentimentos já esquecidos ou vivenciados. Ela é o seu passaporte para o sucesso deste empreendimento.

 Nos próximos artigos abordarei técnicas e meios para atingir o som desejado e pré-determinado no início do projeto.