Na última segunda-feira, 22 de novembro, comemorou-se o Dia do Músico. Mas, como aqui na Equipo nós acreditamos que “todo dia é dia de músico e música”, iremos celebrar esta data com uma série de entrevistas diárias com nossos endorsees.

Confira a segunda entrevista, realizada com o DJ do Caldeirão do Huck, Maestro Billy!

Equipo: Fale um pouco sobre sua carreira, como e quando começou.

Billy: Comecei na adolescência quando montei uma banda cover do “Joy Division”, ou melhor, comecei mesmo quando iniciei as aulas de piano aos oito anos de idade. Daí em diante, me interessei cada vez mais por música e não pensei duas vezes quando surgiu uma oportunidade de fazer estágio na rádio Band FM de São Paulo, nesta época eu estava na faculdade e cursava Publicidade. Tudo bem que era apenas para ficar atendendo os ouvintes por telefone, mas, pelo menos, estava no meio da música e já ganhava dinheiro com ela. Daí para a sala de produção foi um pulo. Minhas aulas de piano valeram o esforço e me renderam a oportunidade de fazer vinhetas para as rádios, e ir de uma rádio para outra, foi mais rápido ainda. Depois da Band FM ainda passei pela rádio Metropolitana FM, Cidade FM, Jovem Pan FM (fui um dos fundadores do Programa “Pânico“) e Transamérica. Na mesma época, também trabalhava em estúdios de produção, no período da noite, e, durante a madrugada, tocava como Dj em casas noturnas de São Paulo.

Equipo: Teve alguma influência da família?

Billy: Sim, principalmente dos meus pais que adoram e ouvem muita música erudita, isso foi essencial. Foram eles que me mostraram uma infinidade de músicas, não só eruditas, mas também MPB (Música Popular Brasileira) anos 70, de diversas bandas, como os “Beatles” e sons interessantes. Uma outra influência foi a famosa aula de música na escola. Na minha época era obrigatório, então aprendi flauta, coquinho e chocalho. Tudo bem que não é nenhuma expertise, mas me ajudou a me familiarizar com os sons e ritmos desde pequeno.

Equipo: Qual foi o primeiro instrumento que aprendeu a tocar? Toca outros instrumentos?

Billy: O primeiro mesmo foi a flauta, mas foi na época da escolinha. Depois fiz aula de piano, entre o clássico e o jazz, por sete anos. Com a banda aprendi a tocar baixo e guitarra, o básico, algumas notas e acordes. Atualmente toco piano e teclado.

Equipo: O que significa a música para você? Se não fosse músico, qual carreira gostaria de seguir? Tem formação acadêmica?

Billy: Infelizmente não tenho formação acadêmica em música. Sou formado em Publicidade. Mas a música é tudo na minha vida. Hoje em dia sustento minha família com ela e desde criança queria ser artista. Cheguei a ser artista na época do lançamento do cd do “Pânico“. Músicas geniais como “Macacaralho“, “Quero te Fú“, entre outras cantadas por mim, quando participávamos de programas de televisão e viajávamos o Brasil todo fazendo shows. Mas hoje o que mais me interessa mesmo é viver da música sem essa necessidade de “ser artista”. Ser um bom Dj, um bom produtor musical, já é o suficiente para mim. Se não fosse isso, acho que seria algo completamente diferente, como arqueólogo marinho (coisa que passou por minha cabeça na época de colégio).

Equipo: Como vê a carreira de músico hoje? Enfrentou alguma dificuldade ao longo da carreira?

Billy: A carreira de Dj está no seu auge hoje. Na época que comecei, há 21 anos, a maioria dos Djs eram considerados “reles” tocadores de música. O público não via uma expressão artística na profissão. Foi necessário que muito Dj bom “levantasse a pista” e que fizesse produções específicas e diferenciadas para que a profissão começasse a ser relevante. Atualmente existem vários blogs e sites dedicados a mostrar que qualquer um pode ser Dj. Acho sensacional. Lógico que não é qualquer um que pode ser Dj. Apertar o botão e mexer em fader todo mundo pode saber. Tocar a música certa na hora certa para o público certo é um pouco mais difícil.

Equipo: Tem algum músico nacional ou internacional em que se espelha, admira?

Billy: Gosto muito de quem me ensinou a trabalhar, o Dj Silvio Calmon. Sempre gostei do jeito dele de tocar, sem “frescura“, sem muita “firula“. Ele entende (e isso eu aprendi) que ele está lá para servir aos outros, não para ser o artista da noite. O Dj está lá trabalhando para que os outros se divirtam. Isso é fundamental para entender a profissão. Outro cara que gosto muito é o Dj Grand Master Ney, também daqui de São Paulo. Dos gringos gosto do estilo do Carl Cox (que vai nessa linha também) e do Paul Oakenfold, que é um Dj e produtor de “mão cheia“.

Equipo: Quais foram suas principais conquistas ao longo da carreira?

Billy: Acho que a conquista mais importante na carreira é ser reconhecido pelo que se faz. Para mim não adianta trabalhar a vida inteira e ser um cara mediano. Gosto de desafios, gosto que as pessoas gostem do que eu faço. Se hoje sou reconhecido e tenho um nome a zelar, é pelo meu esforço e pela qualidade do meu trabalho. Com certeza isso é o mais importante. O resto é consequência.

Equipo: O que você considera fundamental para ser um bom profissional? Tem alguma “cartilha” que costuma seguir?

Billy: Para ser um bom Dj é fundamental ouvir absolutamente de tudo. Do clássico ao forró, do rock ao “tecnobrega“, da house music ao axé, sem distinção de estilo ou ritmo. Isso é bom não só para estar sempre antenado com o que está rolando no mundo, mas também para conhecer de tudo e até poder dizer que não gosta de um estilo específico. Se você não ouvir, não poderá saber nunca do que gosta e do que não gosta. Muita gente pergunta por aí quem é o melhor Dj do mundo, esperando que apareça algum nome famoso. Não concordo. Para  mim o melhor Dj é aquele que toca a música certa na hora certa para o publico certo no local certo. Não adianta você  colocar “Tiesto” para tocar numa casa de forró. Não vai dar certo.

Equipo: Qual seu estilo musical preferido?

Billy: Gosto de electroclash e house music. Esse pop alternativo atual também é bem interessante.

Equipo: O que gosta de fazer quando não está nos palcos?

Billy: Produzir. Faço sempre minhas versões exclusivas para os meus sets. Se ouço uma música legal que não tem alguma parte que eu goste ou ache que possa encaixar no meu set, vou lá e edito, corto, crio, toco e remixo até fazer aquela música ficar com a cara do meu set.

Equipo: Tem alguma dica para quem está iniciando a carreira? O que considera fundamental para se manter na profissão e alcançar o sucesso?

Billy: Aquilo que eu disse na resposta sobre ser um bom Dj. Ouvir absolutamente de tudo. Até para poder falar mal de algum estilo. E procurar sempre ser o melhor, pensando que você está lá para trabalhar enquanto os outros vão para se divertir. No final, que ninguém aqui nos ouça, se você gosta mesmo de ser Dj, quem acaba se divertindo mesmo é você. Comigo sempre acontece isso. Saio com um sorriso igual ou maior do que o sorriso das pessoas que estão lá para dançar.

* Billy é Dj e produtor musical há 21 anos, é Dj do programa “Caldeirão do Huck” há quase 10 anos e acaba de ingressar no time de endorsees das marcas Gemini e Sennheiser.