Na última segunda-feira, 22 de novembro, comemorou-se o Dia do Músico. Mas, como aqui na Equipo nós acreditamos que “todo dia é dia de músico e música”, iremos celebrar esta data com uma série de entrevistas diárias com nossos endorsees. Confira a terceira entrevista, realizada com Dani, baterista do NX Zero.

Equipo: Fale um pouco sobre sua carreira, como e quando começou. Teve alguma influência da família?

Dani: Meu interesse pela música veio 100% (cem por cento) pelos meus pais. Meu pai tem muito bom gosto para música e isso me marcou desde criança, pois cresci ouvindo muitas bandas que escuto até hoje e isso me fez despertar para um lado mais musical. Ficávamos deitados no chão da sala falando qual era cada instrumento e o que fazia cada um, isso sem dúvida foi o começo de tudo para mim. Não me lembro de ninguém que toque algo na família, mas só o interesse pela musica em geral já foi o suficiente para me trazer a sensibilidade para tocar.

Equipo: Qual foi o primeiro instrumento que aprendeu a tocar? Toca outros instrumentos?

Dani: Sempre gostei de tocar bateria, mas antes disso, queria que meus pais me dessem um teclado. Hoje acho que realmente teria sido muito bom começar com um instrumento como piano, mas sou muito feliz e não troco a batera por nada. Eu até brinco no violão, mas vou na intuição, não sei nada sobre teorias e afins. Como este instrumento não é a minha especialidade, posso ter a liberdade de não saber as regras, portanto saem coisas ali que alguém que entende de verdade, talvez não fizesse, mas me sinto limitado por não saber sobre as notas e tudo mais.

Equipo: O que significa a música para você? Se não fosse músico, qual carreira gostaria de seguir? Tem formação acadêmica?

Dani: Talvez signifique o mesmo que para um escritor que consegue colocar em palavras suas sensações. Eu sinto que me expresso de forma muito mais verdadeira e pura tocando do que falando. Realmente não sei o que faria se eu não tocasse, tudo o que gosto e tenho aptidão está relacionado às artes, fiz faculdade de Ciências Sociais, mas não me vejo lecionando nem fazendo algo parecido.

Equipo: Como vê a carreira de músico hoje? Enfrentou alguma dificuldade ao longo da carreira?

Dani: Desde o começo da carreira tive a sorte de ser um músico de banda, nunca fiz um trabalho como contratado, sei que esta é a situação da maioria dos profissionais no Brasil, e sei também, que é uma realidade muito difícil para quem é apaixonado por música. Vejo que tive sorte e dou muito valor, mas também ralei muito e ainda ralo para estar aonde estou.

Equipo: Tem algum músico nacional ou internacional em que se espelha, admira?

Dani: Sempre temos alguém que nos ajuda a achar nós mesmos. Na minha opinião é para isso que servem as influências. Até há pouco tempo eu usava isso para me moldar e não para, simplesmente, ver o que tinha de bom ali e tentar agregar a quem eu sou. Hoje, cada vez mais, sou muito mais tentar achar quem eu sou tocando do que me espelhar em alguém, como normalmente fazemos quando somos mais novos. Sinto que algumas influências ficaram para a vida, sempre que escuto algo que me surpreende ou até mesmo se a carreira de algum artista já tiver terminado, como a de Bonham. Mas posso citar alguns artistas atuais dos quais eu gosto e acho que acrescentam muito, como QuestLove do The Roots, Carter Beauford do DMB, o batera do Incubus, o Jose, Pupilo do Nação Zumbi, entre outros.

Equipo: Quais foram suas principais conquistas ao longo da

carreira?

Dani: Conseguir trazer para o nosso público nossas influências, coisas que talvez não tiveram oportunidade de ouvir em casa, de poder subir ao palco com os meus melhores amigos e fazer o que mais gostamos na vida, lançar discos dos quais nos orgulhamos muito, como o “Sete Chaves”, de ser reconhecido e ter patrocínio de marcas que admiro. E o mais importante, mostrar que vale a pena lutar por um sonho mesmo sendo no campos das artes, que é algo que sinto que ainda não é considerado como digno no Brasil.

Equipo: O que você considera fundamental para ser um bom profissional? Tem alguma “cartilha” que costuma seguir?

Dani: Sempre trabalhar para o conjunto, sempre pensar primeiro no que a música pede e não no que você tem que fazer para aparecer, pois se isso for a sua sina, isso acontecerá sem você forçar nada, será natural.

Equipo: Qual seu estilo musical preferido?

Dani: Gosto do estilo que preza pela liberdade, que permite ao músico fazer o que ele sente, independentemente de qual rótulo a banda se encaixe, isso pode ser no rock, reggae ou no jazz. Gosto de ouvir coisas que me emocionem, não importa o estilo, coisas feitas com o  coração e, principalmente, feitas porque tinham que ser feitas e não em razão do público específico daquela banda precisar daquilo.

Equipo: O que gosta de fazer quando não está nos palcos?

Dani: Vejo muito filme com a minha garota. É engraçado, depois de 24 anos sem ter paixão por videogame, desenvolvemos agora este gosto lá em casa. Costumo também juntar amigos músicos, tento ler sempre que possível para manter a imaginação longe do marasmo, ver minha família e curtir eles sempre que dá.

Equipo: Tem alguma dica para quem está iniciando a carreira? O que considera fundamental para se manter na profissão e alcançar o sucesso?

Dani: Perceber e sentir o que te faz feliz e fazer sempre bem feito. Caia de cabeça, pois se é algo que ama fazer, será bem feito. Sempre corra atrás de pessoas que tenham isso, pois acredito que seja a única forma que fará os outros sentirem algo ao ouvir tua música, ser verdadeiro.

*Dani é baterista da banda NX Zero e usa, exclusivamente, pratos Sabian.